terça-feira, 26 de maio de 2009

The KGB and Soviet Disinformation: An Insider’s View [Desinformação Soviética e a KGB: Uma visão de dentro], por Ladislav Bittman (Pergamon-Brassey, 227 p., $16.95)
http://findarticles.com/p/articles/mi_m1282/is_v38/ai_4373956/?tag=content;col1

Por Cort Kirkwood
26 de Setembro de 1986 – National Review – Traduzido por: Leandro Diniz

“Quando o céu clareou, eu estacionei o carro em um pequeno acostamento, abri a porta, e saltei do carro. Caminhei até a frente do carro e rasguei o sinal distintivo que me dava imunidade diplomática. Eu não precisava mais dele. Eu tinha cruzado um ponto sem volta...”

Então terminou o serviço ao comunismo de Ladislav Bittman, como contado no livro The Deception Game [O Jogo de Decepção], um relato autobiográfico de uma vida como um desinformador, propagandista, e agente secreto Tcheco que existia há 14 anos. Desde então, entre as aulas na universidade em que ele ensina sobre o assunto, Bittman vem coletando informações sobre medidas ativas soviéticas para seu segundo livro, The KGB and Soviet Disinformation: An Insider´s View. Bittman conta sobre os rumores, mentiras, e terrorismo que são todos partes da campanha ativa da KGB para desmoralizar e subjugar o Ocidente sem guerra.

Bittman, ex-major da inteligência Tcheca e subcomandante do Departamento D, o departamento de desinformação, foi um alto operativo de inteligência de 1954 até 1968. Em The KGB and Soviet Disinformation, ele esclarece instrutivamente sobre medidas ativas – aktivnyya meropriyatiya – “operações clandestinas projetadas para estender a influencia e poder soviéticos ao redor do mundo.” Jogos de desinformação têm sido peças-chave nas medidas ativas da KGB desde seu surgimento.

Bittman descreve, com diagramas, várias versões do desinformativo “plano de ação, ... no qual os participantes têm um de três papéis: operativo, adversário e agente em standby.” O adversário é geralmente um país ocidental, freqüentemente os EUA; o agente em standby, um país de terceiro mundo ou um indivíduo simpatizante viajante ; e o operador, a KGB ou outro serviço de inteligência do bloco do Leste.

Gradualmente Bittman esclarece que desinformação é um “jogo” somente no mesmo sentido de “jogos de guerra”: isto é, um campo altamente especializado de estudo que requer que o “operador” entenda a política, história, psicologia, relações exteriores, cultura e as fraquezas de ambos, o “agente em standby” e do “adversário”. Adicionalmente, as medidas ativas soviéticas fazem parte de uma estratégia de longo prazo. “Os especialistas de desinformação de Moscou sabem que uma simples ação secreta ... não podem ter influência decisiva no equilíbrio do poder entre a aliança ocidental e o bloco comunista. Mas eles crêem que uma produção maciça de medidas ativas trarão um significativo efeito acumulado durante um período de décadas.”

Bittman confirma duas crenças a muito defendidas por famosos críticos da mídia: a) a desinformação soviética é bem sucedida; e b) ela é bem sucedida em grande parte porque os jornalistas pensam que são muito sofisticados para serem enganados pelos agentes soviéticos.

Pegue, por exemplo, a infame “Relatório de dissensão sobre El Salvador e a América Central,” que circulou avidamente pelo extremo-esquerdo Serviço de Notícias do Pacífico (Pacific News Service) e foi veiculado primeiro por um obscuro jornal inglês e, poucos dias depois, pelo Boston Globe e pelo New York Times. O relatório, que clamava pelo fim do apoio dos EUA ao governo salvadorenho e uma “solução, não-militar, através da negociação” na América Central, foi supostamente escrito por “oficiais dissidentes do Departamento de Estado.” De fato, diz Bittman, aquilo era uma “falsificação óbvia.” De qualquer forma, Stephen Kinzer, um repórter esquerdista então no Boston Globe, escreveu uma matéria de capa, em 28 de novembro de 1980, sobre as conclusões, atribuindo elas a um “distinguido grupo de diplomatas e especialistas em inteligência.”

Em primeiro de dezembro de 1980, relata Bittman, “o colunista Anthony Lewis deu ao relatório publicidade nacional [no New York Times] sem verificar sua autenticidade.” O Times veio a saber que o documento era uma falsificação dois meses depois, mas somente após Flora Lewis, outra colunista do Times, também ter escrito um artigo com base no relatório.

Outro caso: em 20 de março de 1975, um artigo do New York Times, de co-autoria de um “consultor de assuntos estrangeiros e escritor sobre relações entre Europa e a América,” que foi de fato escrito por um bem pago, condecorado espião da Alemanha do Leste.

E muito para os “agentes em standby.” Quando se trata de “adversários,” a KGB conduzirá medidas ativas contra qualquer um ou qualquer coisa – mesmo supostos amigáveis países do bloco soviético. Alvos incluíram Henry Kissinger, fisgado em casa como um agente da KGB e no estrangeiro como o líder atrás de uma “política estrangeira egoísta e traidora dos EUA”; Aleksandr Solzhenitsyn, condenado no livro de sua esposa inspirado pela KGB; e mesmo a Tchecoeslováquia, durante a curta Primavera de Praga em 1968.

Naquele momento, Bittman estava cansado de jogar o jogo da decepção. Ele vinha se iludindo a si mesmo durante todo o tempo. Nas horas da manhã de 21 de agosto de 1968, depois dos soviéticos invadirem a Tchecoeslováquia e esmagarem os contra-revolucionários, Bittman deixou seu posto da inteligência em Viena. Dois meses depois ele aterrissou nos EUA e começou sua carreira como um escritor e professor acadêmico, espalhando informação ao invés de desinformação.

Hoje, Ladislav Bittman ainda se parece com um típico agente da KGB – careca lisa, bigode e cavanhaque, físico firme. Parece, não obstante, que seus contos incisivos sobre “truques sujos” contra seu lar adotivo têm uma qualidade sincera, quase um arrependimento, e oferece aos aspirantes a jornalistas uma importante lição de humildade: Mesmo eles não estão imunes à desinformantes tão habilidosos quanto Ladislav Bittman.

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